quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O gaúcho que viu o que tinha

Já cansado destes pagos
E dos andrajos pampeanos
Dos bons mates amargos
E dos bravos paisanos
Selou um dos baios passilargos
Amigos de vários anos
Se despojou dos cargos
E teceu sonhos urbanos

Mas não largues desta terra vivente
Apesar de teus sonhos araganos
Esqueça esse desejo latente
Lhe disse a cigana com seus feitiços arcanos
Pois já o trigo dourado reflete o sol do ponente
E a lua vem para banhar os campos
Veja que bela a estrela cadente
E a dança dos pirilampos

Seguindo então os presságios antigos
O gaúcho viu que tudo tinha de belo
Abraços, sorrisos e abrigos
Que cada aperto de mão fazia um elo
De sua extensa corrente de amigos

Assim venceu seu próprio duelo
Ficou e viveu enormes perigos
Edficou-se a cinzel e martelo
Encontrou o amor em olhos índigos
Fez do rancho o seu castelo

E dos sonhos criou realidade
Da velha figueira fez cenotáfio
Do incerto tirou a verdade
E do sopro do vento epitáfio