sábado, 28 de maio de 2011

Do Inferno ao Parnaso

Estrela, entenda
Amar rio ou lago
Não é desgostar
Do teu vôo perene
Do teu nome, Selene 
Nem do teu brilhar

Amar rio ou lago
É a forma incerta
Angular e inexperta
De aliviar o que aflige
Castiga e atinge
E tira o meu chão

É fonte que tenho
Meu lume e meu lenho
De através de um desenho
Te ver no cristal
Em límpida água
Ou então retalhada
Pelos troncos e troncos
Do velho juncal

Te levo no peito
No olhar e na mente
Me convida a serpente
Para um beijo final
Não aceito, pois sei
Que no lago profundo
Vazio e rotundo
Não te encontrarei

Em noites serenas
Distantes e plenas
Tuas irmãs pequenas
Eu vejo brilhar
Em noites chuvosas
Frias ventosas
Das eras ditosas
Me ponho a lembrar

Estrela eu sei teus abrigos
Conheço os perigos
Sei de muitos perdidos
Nessa procissão
Peço ajuda e apoio
E estendo a mão
Quando sem espereanças
Me prosto no chão

Quando à noite fatigo
Sei que guarda contigo
Um eterno brilhar 
Que encanta meus olhos
E vale mais que os espólios
Que no céu ou na terra
Eu possa encontrar

No compasso do vento
Deixo o meu pensamento
Livre a voar
Passo a passo
Tentando chegar
Do inferno ao parnaso
Sem me disperçar

Aguardo Euro ou Austro
Para sair do claustro
E virar imensidão
Aguardo Zéfiro ou Bóreas
E no vazio das horas    
Estrela...
Te admiro do chão

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